quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

 DESIGUALDADE E IDENTIDADE

A proposta geral da aula é prover recursos conceituais a partir dos quais seja possível estabelecer uma visão mais sociológica das desigualdades sociais. Isso significa, em primeiro lugar, afastar da visão tradicional de situar a desigualdade social exclusivamente a partir do viés econômico por meio da já difundida divisão da sociedade em classes A, B, C e D, conforme agrupamentos de renda e riqueza e sua correlação com nível formal de educação. Em segundo lugar, para pensar a desigualdade em termos propriamente sociológicos, não basta renunciar ao viés econômico, precisamos apontar para alternativas. Para isso, devemos, na primeira parte da aula, discutir as noções de igualdade e desigualdade, com ênfase nos impasses e aporias envolvidas com a implementação de uma sociedade mais justa. Na segunda parte, abordaremos a noção de estratificação social desde o ponto de partida das principais orientações teóricas sobre o tema: Karl Marx, Max Weber e Kingsley Davis e Wilbert Moore. Destacaremos desses autores como eles avançam, a partir da noção de classes sociais e grupos de status, na discussão de desigualdade social para além dos agrupamentos de renda e riqueza, embora o fator econômico persista como o mais relevante em sua determinação. Procuramos igualmente enfatizar os fundamentos teóricos de cada um ao abordarem a estratificação social. Em seguida, na terceira parte, apresentamos abordagens que podemos considerar como pós-marxistas e pós-weberianas, a partir das contribuições de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe, representando os pós-marxistas, e Pierre Bourdieu, como pós-weberiano. Utilizamos essas designações livremente para indicar apenas como cada um deles constroem suas argumentações a partir de uma crítica dirigida aos clássicos da sociologia. Neles, encontramos um debate que procura se afastar cada vez mais dos fatores econômicos de determinação das desigualdades, colocando a estratificação econômica mais como um efeito, por assim dizer, de processos sociais. Por fim, na última parte, afastando cada vez mais dos fatores econômicos de determinação das desigualdades sociais, apresentaremos o debate travado entre Axel Honneth e Nancy Fraser acerca da noção de Reconhecimento como a nova gramática das lutas sociais. Apoiados na teoria crítica, esses pensadores avançam numa discussão sobre as desigualdades a partir da necessidade dos indivíduos e grupos de serem aceitos e respeitados em sua singularidade identitária na moral do grupo social mais amplo. Com esses autores, a dimensão da identidade ganha proeminência, sem excluir a econômica, a questão colocada pela distribuição social. Com isso, concluímos com a passagem de um viés mais econômico da desigualdade para outro centrado numa luta por respeito a diferenças sociais identitárias.

PARTE 1



PARTE 2 (em breve)